Monday, October 30, 2006
Thursday, October 19, 2006
Pêndulo
Às vezes eu saio sem tempo
Sem rumo, sem direção
Buscando espumas no vento
Ruídos na multidão
Às vezes eu saio sozinha
Comigo, sem migo, sem fim
Tecendo o fio dessa linha
Teimosa que se molda em mim
Às vezes eu saio no fio
Equilibrista no ar
Um lado é perverso e sombrio
O outro um colchão de amar
Às vezes eu saio armada
De brisa, de onda, de flor
De chuva, de terra molhada
De Lua, de Sol e calor
Às vezes eu saio e surpresa!
Encontro-me em outro olhar
Noutra face e beleza
Na amplitude do mar
Às vezes eu saio e não saio
Olho e não vejo ninguém
Ajo e somente é um ensaio
Da vida que não me contém
Às vezes, apenas às vezes
E disto eu tenho certeza
O nunca esquece os meses
O sempre é infinita grandeza
Monday, July 03, 2006
Thursday, May 11, 2006
Chocolate
Ele é um pedaço de mau-caminho
De pão com mel
Um desatino
Sabor de céu azul
Menino correndo ao léu
Em desalinho
Ele é um pedaço,
de mau-caminho...
Partido, inteiro
Loucura, vício
Um devaneio, precipício
Fim e meio,
Meu início
Ele é um pedaço!
De mau-caminho?
E vou trilhar
No ar, na rua, em alto mar
Vestida, nua
Na pele escura a me lambuzar
Ai que bom pedaço do meu caminho!
Esse pedaço de mau-caminho...
Tuesday, April 25, 2006
O tempo passa...
Niver da minha priminha. Post comemorativo. Ela era uma coisinha que eu ninava no colo. Achava lindo quando ela colocava os dois dedinhos na boca. Uma fofa! Se eu disser isso hoje em dia ela vai dizer que a estou chamando de gorda. Mas ela é linda. De corpo e alma. Parabéns viu minha flor? Você sabe o quanto eu te amo. Claro, segue o poema :)
Pequenina semente
Desabrochando em flor
Diz o que vem a mente
Sem qualquer pudor
Bailarina...
Saltitante...
Andarilha...
Ambulante...
Ladeira da Sé em Olinda
Sandália sem salto, Melissa
Saia rodada de chita
Menina amada
Tez de marfim
Às vezes amara
Humana, enfim
Ela é assim
Dandara
Wednesday, April 19, 2006
Sóneto
Não suporto barulho todo o tempo
Aprecio o silêncio, quarto mudo
Onde esqueço os problemas desse mundo
E num breve segundo me reinvento
Quando abelhas pousam em minha mente
Zunem alto coisas absurdas
Por retratos, poemas de Neruda
Meus sentidos vagueiam lentamente
São tão lentos que sôo preguiçosa
Não badalam e abalam tudo em mim
Filme antigo rodado em branco e preto
A cantiga esquecida ao relento
Os amigos, o amor, a vida, enfim
Surge linda, explosiva, ruidosa
Tuesday, April 04, 2006
Sede
Sede assim como o Sol do Deserto
Intenso, firme, completo, estéril
Revelando sempre seu ardor etéreo
Estejamos dele distante ou perto
Muito embora borboleta sejas
Em um suave casulo, doce crisálida
Preferes a forma, natureza árida
Neste mundo torpe de incertezas
Bela lagarta se assim pretendes
Em meu mundano modo de pensar
Não é possível alguém almejar
Nada sentir estando consciente
Porque dos males ainda o menor
E ser sensível é permanecer a prova
Conceber o mesmo de uma forma nova
Mas nada sentir é estar sempre só
Thursday, March 16, 2006
Thursday, March 02, 2006
Su
Esse poemeto é MUITO antigo, dos idos de 97, então, por favor, sejam bondosos com ele.
Escrevi para uma GRANDE amiga em um momento de crise. Como ontem foi aniversário dessa moça e eu não pude dar os parabéns, a fim de me redimir, deixo o poema como homenagem a essa coisinha meiga e doce que eu amo muito e todos chamam de Suz (para mim ela será sempre Su). Feliz Aniversário!!!!!!!!
Suzana
Uma chama inflamou teu peito
Zela por esta chama
Antes de entrar em desespero
Não esqueça: ele te
Ama!
Louco por ti ficará
Uma loucura ardente
Caindo de paixão
Inseguro
Amando-te eternamente
Escrevi para uma GRANDE amiga em um momento de crise. Como ontem foi aniversário dessa moça e eu não pude dar os parabéns, a fim de me redimir, deixo o poema como homenagem a essa coisinha meiga e doce que eu amo muito e todos chamam de Suz (para mim ela será sempre Su). Feliz Aniversário!!!!!!!!
Suzana
Uma chama inflamou teu peito
Zela por esta chama
Antes de entrar em desespero
Não esqueça: ele te
Ama!
Louco por ti ficará
Uma loucura ardente
Caindo de paixão
Inseguro
Amando-te eternamente
Saturday, February 25, 2006
Gabo
A luz é como a água
Jóia cristalina
Que renova e anima
Purifica e acalma
Rebenta enorme represa
De sentimento contido
Encharca o solo garrido
Semeia amor e beleza
Transforma o dia tristonho
Prisma multicolorido
Basta um feixe dividido
E tudo torna-se sonho
Por onde navego inteira
Pés na proa, olhar no mar
Sem medo de me afogar
Em noites de lua cheia
Porque a luz é como a água
E com ela se confunde
Mistura-se e se funde
Refletindo a minha alma
Saturday, February 04, 2006
Pragmático
Era um glutão, sempre o fora. Desde as primeiras letras. Adorava os ás enormes daquelas cartilhas gorduchas; o desenho sinuoso que ele apreciava primeiro com os olhos, depois com os dedos, e, por último, com a boca inteira. Saboreava os ós como quem prova um manjar delicado, num movimento inocentemente erótico, até que destes restasse apenas o chapeuzinho franzino. Pequeno sinal deixado somente por vaidade.
Aprendeu a enxergar muito além das simples entrelinhas. Estava faminto.
Depois descobriu a pontuação e com ela o sentido da palavra preferência. Adorava cozinhar e fazia questão de preparar o repasto ele mesmo, cuidadosamente. Algumas vírgulas, um ponto final, talvez três seqüenciados, isso dependia bastante da ocasião, do humor, da companhia...
Não apreciava muito o travessão, verdadeiro arrasa garganta que arrastava com ele o sabor divertido de um olhar sem palavras. Preferia comer em silêncio, degustando cada ponto e vírgula. As pausas prolongadas quase sempre eram seguidas de uma boa surpresa. E para ele, exclamações de sobremesa eram bem-vindas. Ajudavam a digerir. Enzima catalisadora a acelerar o compasso daquela vida pontuada por altos e baixos.
Era sua única paixão até conhecê-la. O modo sublime com o qual ela pronunciava as palavras o fez esquecer todo o resto. Ficou fascinado por sua beleza, seus gestos suaves, sua dicção mais que perfeita. Deixou-se embalar por sua voz sonora, sua mão macia, seus olhos de rainha. Ela era um sonho. Ponto.
O casamento realizou-se alguns meses depois. No dia marcado tudo estava em seu lugar. Parecia nervoso, e era verdade. Sentia-se como um parênteses mal colocado, sem sentido, abandonado na frase. Ela, radiante, distribuía sorrisos a todos. “Fabulosa!”, pensou.
Apesar do calor, suportou bem a cerimônia. As roupas tinham um caimento perfeito já que ele emagrecera (graças à dieta que ela sutilmente sugeriu). Mesmo assim não se achava digno de tamanho primor e na ânsia de tomá-la por esposa engoliu com avidez a interrogação que o Padre ofereceu.
Morreu sufocado.
No meio da oração.
Aprendeu a enxergar muito além das simples entrelinhas. Estava faminto.
Depois descobriu a pontuação e com ela o sentido da palavra preferência. Adorava cozinhar e fazia questão de preparar o repasto ele mesmo, cuidadosamente. Algumas vírgulas, um ponto final, talvez três seqüenciados, isso dependia bastante da ocasião, do humor, da companhia...
Não apreciava muito o travessão, verdadeiro arrasa garganta que arrastava com ele o sabor divertido de um olhar sem palavras. Preferia comer em silêncio, degustando cada ponto e vírgula. As pausas prolongadas quase sempre eram seguidas de uma boa surpresa. E para ele, exclamações de sobremesa eram bem-vindas. Ajudavam a digerir. Enzima catalisadora a acelerar o compasso daquela vida pontuada por altos e baixos.
Era sua única paixão até conhecê-la. O modo sublime com o qual ela pronunciava as palavras o fez esquecer todo o resto. Ficou fascinado por sua beleza, seus gestos suaves, sua dicção mais que perfeita. Deixou-se embalar por sua voz sonora, sua mão macia, seus olhos de rainha. Ela era um sonho. Ponto.
O casamento realizou-se alguns meses depois. No dia marcado tudo estava em seu lugar. Parecia nervoso, e era verdade. Sentia-se como um parênteses mal colocado, sem sentido, abandonado na frase. Ela, radiante, distribuía sorrisos a todos. “Fabulosa!”, pensou.
Apesar do calor, suportou bem a cerimônia. As roupas tinham um caimento perfeito já que ele emagrecera (graças à dieta que ela sutilmente sugeriu). Mesmo assim não se achava digno de tamanho primor e na ânsia de tomá-la por esposa engoliu com avidez a interrogação que o Padre ofereceu.
Morreu sufocado.
No meio da oração.
Thursday, February 02, 2006
Ana Júlia
Chama-se Ana
Talvez fosse Severina
Carioca, nordestina
Beatriz ou Juliana
Esta é Ana
E ela ama
Ama Ana violada
Em seu íntimo humilhada
Alma, mesa, banho e cama
Mas ela é Ana
Já não se engana
Ana fibra, Ana forte
Ana vida, Ana morte
Ana dor que dela emana
Ana
Do começo ao fim é Ana
Como Hannah um palíndrome
Cara doença, uma síndrome
De não padecer e ter gana
Ana é
Ana, Naa, Aanagrama
Ana multifacetada
Anjo ou demônio encarnada
Minha, tua, nossa hermana
Ana é mulher
Para as Anas, as Júlias, Julianas da vida.
Sunday, January 29, 2006
Encontro
Quero alguém que goste de poesia
Beije-me como a uma vadia
Chame-me de santa
Mova minhas ancas num ritmo frenético
Singular e até patético
Profusão de pernas, bocas e abraços
Quadro de Picasso
Quero alguém que aprecie ouvir
Som de chuva no telhado
Saiba sorrir meios sorrisos
Bocas inteiras
Corpos molhados
Banhados na lua cheia
Um no outro entrelaçados
Quero alguém que me diga não
Ou sim se for adequado
Que eu chame de paspalhão
Jumento, besta, quadrado
Não tema os meus caprichos
Aceite correr os riscos
Seja um bocado moderno
E um tantinho antiquado
Quero alguém imaginário
Um ideal libertário
Nem eu mesma sei se existe
Touro, leão, sargitário
Capricórnio, libra, aquário
Áries, virgem, escorpião
Água, terra, ar, vulcão
Alguém que enfim me conquiste
Thursday, January 26, 2006
A filha do flautista
Então é isso
Assim como disseste
A vida é fácil, é breve
Na maior parte do tempo
Então é isso
A história curta
Sem amor, sem glória
Sem heróis, sem luta
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar
Não posso parar...
Então é isso
Assim como deveria ser
A brisa, ambos vão esquecer
Na maior parte do tempo
Então é isso
Gelada água
A filha desgarrada
Pupila negada
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar
Não posso parar...
Falei eu em odiar?
Falei eu em abandonar?
Deixar tudo pra trás?
Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Minha mente não sai de ti...
Até alguém melhor surgir
Pra mim a música é triste. Ponto.
Entre fanfarrão e soprador preferi flautista, lembra meus tempos de colégio.
Perdoem mas não conseguir tirar "Eu não sei parar de te olhar" , me lembra um dia especial... Então, é isso. :)
Amor
Monday, January 23, 2006
Sunday, January 22, 2006
(In) Utilidades Públicas
“Dormi sem calcinha essa noite. Incrível como a supressão de uma peça tão minúscula pode surtir um efeito devastadoramente fantástico. Ao acordar era uma nova pessoa. Livre”.
Anos atrás esse tipo de relato, senão constante de algum romance, estaria restrito às páginas de um diário, tamanha intimidade que ele retrata. Hoje em dia não. Navegando um pouco pelas páginas da net, um comentário íntimo como esse seria até banal face à quantidade de confidências que se espalham pelos blogs da vida. E olhe que são muitas. Das traições do namorado, até o modo como fulano transa, tudo está disponível bem a mão. On line.
Sou uma garota à moda antiga, adoro papel e tenho uma penca de diários guardados em caixas. Eles estão lá, cuidadosamente armazenados, livre de traças, baratas e principalmente: da curiosidade alheia. Lembro de escrever para desabafar, mas nunca, em nenhuma hipótese, minha vida estaria disponível a todos. Só alguns amigos poderiam ter acesso àquelas páginas tão importantes da minha vida. Diários eram secretos. Segredos guardados e divididos com poucos.
No mundo globalizado tudo parece ter a obrigação de ser compartilhado, comentado, discutido. Seja em chats na internet, em blogs, no orkut. Todos têm acesso a tudo e nem é preciso senha. Basta se conectar. Isso me assusta.
Se tenho medo de parecer antiquada? Talvez. Abandonei os diários há alguns anos, eles se tornaram inúteis, não me satisfaziam mais, muito embora sinta uma imensa satisfação lendo as presepadas da adolescência. Foi uma fase, boa e essencial para minha formação, porém, como toda fase, passou.
Minhas idéias agora são compartilhadas, quero que todos leiam, comentem, discutam, discordem. Todavia, idéias são idéias. Intimidades estão em outro plano, e este ainda continuará restrito às páginas dos diários que não escrevo e aos poemas que brotam todo o ano, até mesmo na prosa.
Se realmente dormi sem calcinha? Bom, isso eu deixo pra imaginação de vocês...
Friday, January 20, 2006
Crepúsculo
Wednesday, January 18, 2006
Motivo
“Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste
Sou Poeta”
Cecília Meirelles
Escrever é criar e cantar
E este escrito é um canto
Pode também ser um conto
Poema, crônica, romance
É arte de todo alcance
Minha arte
(Será arte?)
Eu escrita
Vênus, Marte
Irrestrita
Toda parte
Parte alguma
Toda
Nada
Nua
E a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste
Sou Poeta”
Cecília Meirelles
Escrever é criar e cantar
E este escrito é um canto
Pode também ser um conto
Poema, crônica, romance
É arte de todo alcance
Minha arte
(Será arte?)
Eu escrita
Vênus, Marte
Irrestrita
Toda parte
Parte alguma
Toda
Nada
Nua
Para os que me conhecem...
Para os que nunca me viram...
Para aqueles que me amam...
Para esses que me detestam...
Para uns e outros também
Para todos meu amém
Assim seja
Vou além
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