Sunday, January 29, 2006

Encontro


Quero alguém que goste de poesia
Beije-me como a uma vadia
Chame-me de santa
Mova minhas ancas num ritmo frenético
Singular e até patético
Profusão de pernas, bocas e abraços
Quadro de Picasso

Quero alguém que aprecie ouvir
Som de chuva no telhado
Saiba sorrir meios sorrisos
Bocas inteiras
Corpos molhados
Banhados na lua cheia
Um no outro entrelaçados

Quero alguém que me diga não
Ou sim se for adequado
Que eu chame de paspalhão
Jumento, besta, quadrado
Não tema os meus caprichos
Aceite correr os riscos
Seja um bocado moderno
E um tantinho antiquado

Quero alguém imaginário
Um ideal libertário
Nem eu mesma sei se existe
Touro, leão, sargitário
Capricórnio, libra, aquário
Áries, virgem, escorpião
Água, terra, ar, vulcão
Alguém que enfim me conquiste

Thursday, January 26, 2006

A filha do flautista


Então é isso
Assim como disseste
A vida é fácil, é breve
Na maior parte do tempo

Então é isso
A história curta
Sem amor, sem glória
Sem heróis, sem luta


Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar
Não posso parar...

Então é isso
Assim como deveria ser
A brisa, ambos vão esquecer
Na maior parte do tempo


Então é isso
Gelada água
A filha desgarrada
Pupila negada

Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não sei parar de te olhar
Eu não me canso de olhar
Não vou parar de te olhar
Não posso parar...

Falei eu em odiar?
Falei eu em abandonar?
Deixar tudo pra trás?

Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Da minha mente não sais
Minha mente não sai de ti...
Até alguém melhor surgir


Pra mim a música é triste. Ponto.
Entre fanfarrão e soprador preferi flautista, lembra meus tempos de colégio.
Perdoem mas não conseguir tirar "Eu não sei parar de te olhar" , me lembra um dia especial... Então, é isso. :)

Amor


Frágil e delicada
Pétala
Parte não domada
Sépala
Duvida entranhada
Cética
Posto que emanada
Déspota

Como escapar
Ilesa
Dessa sua chama
Acesa
Angustiada, densa
Tesa
Continuo a ela
Presa

Monday, January 23, 2006

Sunday, January 22, 2006

(In) Utilidades Públicas



“Dormi sem calcinha essa noite. Incrível como a supressão de uma peça tão minúscula pode surtir um efeito devastadoramente fantástico. Ao acordar era uma nova pessoa. Livre”.
Anos atrás esse tipo de relato, senão constante de algum romance, estaria restrito às páginas de um diário, tamanha intimidade que ele retrata. Hoje em dia não. Navegando um pouco pelas páginas da net, um comentário íntimo como esse seria até banal face à quantidade de confidências que se espalham pelos blogs da vida. E olhe que são muitas. Das traições do namorado, até o modo como fulano transa, tudo está disponível bem a mão. On line.
Sou uma garota à moda antiga, adoro papel e tenho uma penca de diários guardados em caixas. Eles estão lá, cuidadosamente armazenados, livre de traças, baratas e principalmente: da curiosidade alheia. Lembro de escrever para desabafar, mas nunca, em nenhuma hipótese, minha vida estaria disponível a todos. Só alguns amigos poderiam ter acesso àquelas páginas tão importantes da minha vida. Diários eram secretos. Segredos guardados e divididos com poucos.
No mundo globalizado tudo parece ter a obrigação de ser compartilhado, comentado, discutido. Seja em chats na internet, em blogs, no orkut. Todos têm acesso a tudo e nem é preciso senha. Basta se conectar. Isso me assusta.
Se tenho medo de parecer antiquada? Talvez. Abandonei os diários há alguns anos, eles se tornaram inúteis, não me satisfaziam mais, muito embora sinta uma imensa satisfação lendo as presepadas da adolescência. Foi uma fase, boa e essencial para minha formação, porém, como toda fase, passou.
Minhas idéias agora são compartilhadas, quero que todos leiam, comentem, discutam, discordem. Todavia, idéias são idéias. Intimidades estão em outro plano, e este ainda continuará restrito às páginas dos diários que não escrevo e aos poemas que brotam todo o ano, até mesmo na prosa.
Se realmente dormi sem calcinha? Bom, isso eu deixo pra imaginação de vocês...

Friday, January 20, 2006

Crepúsculo



Uiva a Lua
Longe
Ruiva névoa o Sol
Esconde


Medo do Escuro

“De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo”.(Vinícius de Moraes)

Sou como Vinícius, de tarde anoiteço...
Mas amo todo o dia
Com o duplo sentido que queiram atribuir
Ou sentido algum que isso possa fazer

Wednesday, January 18, 2006

Motivo


“Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste
Sou Poeta”
Cecília Meirelles


Escrever é criar e cantar
E este escrito é um canto
Pode também ser um conto
Poema, crônica, romance
É arte de todo alcance
Minha arte
(Será arte?)
Eu escrita
Vênus, Marte
Irrestrita
Toda parte
Parte alguma
Toda
Nada
Nua

Para os que me conhecem...
Para os que nunca me viram...
Para aqueles que me amam...
Para esses que me detestam...
Para uns e outros também
Para todos meu amém
Assim seja
Vou além