
Às vezes eu saio sem tempo
Sem rumo, sem direção
Buscando espumas no vento
Ruídos na multidão
Às vezes eu saio sozinha
Comigo, sem migo, sem fim
Tecendo o fio dessa linha
Teimosa que se molda em mim
Às vezes eu saio no fio
Equilibrista no ar
Um lado é perverso e sombrio
O outro um colchão de amar
Às vezes eu saio armada
De brisa, de onda, de flor
De chuva, de terra molhada
De Lua, de Sol e calor
Às vezes eu saio e surpresa!
Encontro-me em outro olhar
Noutra face e beleza
Na amplitude do mar
Às vezes eu saio e não saio
Olho e não vejo ninguém
Ajo e somente é um ensaio
Da vida que não me contém
Às vezes, apenas às vezes
E disto eu tenho certeza
O nunca esquece os meses
O sempre é infinita grandeza